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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Portal apresenta 32 obras da literatura de cordel
MEC - 18/2/2008

É de Pombal, na Paraíba, o poeta cordelista mais procurado pelos leitores do Portal Domínio Público do Governo Federal. Leandro Gomes de Barros, considerado pai da literatura de cordel no país, tem no portal 18 obras que somam 44.232 acessos, o campeão entre os seis autores com textos disponíveis na página. E a obra campeã de Leandro é A Filha do Pescador, com 8.077 acessos.Embora tenha vivido apenas 55 anos, Leandro Gomes de Barros tem uma obra vasta que se manifesta em poemas heróicos, novelescos, satíricos que abordam temas sobre o cangaço, a seca, o sofrimento, a mulher, os mundos mágicos do dragão, da lua, das fadas. O poeta nasceu em Pombal (PB) em 1865 e morreu em Recife (PE) em 1918. Entre os poemas dele mais procurados no portal estão Uma Viagem ao Céu, O Valor da Mulher e a Mulher Roubada. Mas o cordelista Guaipuan Vieira, de Teresina (PI), que tem hoje 57 anos, também é muito procurado. Dele estão disponíveis no portal quatro obras, com destaque para A Chegada de Lampião no Céu, com 7.104 acessos e A Terrível História da Perna Cabeluda, com 3.282.Os outros poetas de cordel presentes no portal são João Melquíades Ferreira da Silva, que viveu entre 1869 e 1933 na Paraíba e foi um dos combatentes da Guerra de Canudos; Silvino Piruá de Lima, que nasceu em 1848 em Patos (PE) e morreu em Bezerros (PE) em 1923. Segundo a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, Silvino foi, junto com Leandro Gomes de Barros, criador da literatura de folhetos que se conhece hoje e que é vendida principalmente em feiras. Estão na página também obras de Francisco das Chagas Batista e José Bernardo da Silva.Biblioteca digital desenvolvida em software livre, o Portal Domínio Público dispõe de arquivos de imagem, som, texto e vídeo e um caminho para pesquisa que pode ser feita pelo conteúdo, nome do autor, além de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de pessoal de Nível Superior (Capes).

Fonte: Brasil que Lê - Agência de notícias

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

BALA E ARTE
Cultura da prepotência e da arrogância

Saindo do mundo real, mas inspirados nele, artistas e escritores bebem na fonte das histórias de violência para construírem suas obras
19 Mai 2007 - 15h43min

"Você sabe com quem está falando?". Todos já devem ter ouvido - alguns, até, proferido - esta frase. Ela resume a prepotência e arrogância dos que se consideram acima das leis e donos da Justiça. Ela é tão presente no contexto da sociedade atual, que também foi transportada para a cultura popular. Os crimes políticos, os mandantes e os pistoleiros estão presentes em diversas obras literárias, músicas e cordéis. O antropólogo Roberto DaMatata diz que "o estudo do ´você sabe com quem está falando?´ mostra o conflito entre a hierarquia como valor e as normas modernas, impostas pelo Estado, que dizem que todos devem obedecer a lei". E é justamente neste limite que está o "poder" como essência, algo que os homens almejam e passam por cima de tudo para alcançá-lo. Com este enredo, muitas histórias foram contadas, com personagens diferentes e, muitas vezes, baseadas em fatos reais. "Todo o sertão nordestino/Assim como as capitais/Têm uma marca sangrenta/De assassinatos brutais/Que mesmo o tempo querendo/Não acabará jamais". Com esta estrofe se inicia o cordel "Mainha, o maior pistoleiro do Nordeste", de Guaipuan Vieira. Os versos prometem contar a história de Idelfonso Maia Cunha, o "Mainha", um dos pistoleiros mais temidos no Estado durante as décadas de 80 e 90, e que hoje está preso. "Estes crimes foram feitos/Pelo rei da pistolagem/Conhecido por Mainha/Homem de cruel bagagem/Pois descrevo sua história/No mundo da bandidagem", continua o cordel. O texto narra ainda as ligações entre Mainha e Francisco Diógenes, assassinado anos depois em Fortaleza em um acerto de contas, e os diversos crimes que ele é acusado de cometer, como dos ex-prefeitos de Iracema, Expedito Leite, e de Pereiro, João Terceiro Sousa. "O terrível pistoleiro/Que já quase era lendário/Já deixou de ser o mito/Hoje é presidiário", termina. O cordel, lançado em 1998, teve grande circulação e chegou ás mãos do próprio Mainha. Ele teria mandado um bilhete para o autor dos versos, pedindo uma resposta. Guaipuan, então, transformou a defesa do pistoleiro em versos. "Eu nunca fui pistoleiro/A todos posso provar/Se matei foi por vingança/Assunto particular/Pistoleiro que eu saiba/É pago para matar./Se eu fosse perigoso/Não teria sido preso/Pois cabra desta maneira/Tem olhar bem aceso/Tem ouvidos de tiú/Ninguém o pega indefeso". "O povo adora ler sobre pistolagem, sobre bandidagem. Esses são os cordéis que mais vendem", conta Guaipuan, que considera Mainha muito parecido com o cangaceiro Lampião. "Eles mexeram muito com o imaginário popular", diz. Os crimes políticos, a disputa de poder, também estão presentes em obras como de Guimarães Rosa e Jorge Amado. "Eles dão um tom lúdico à própria história do Nordeste. Os casos de coronéis, acerto de contas, bandidos como heróis. Tudo faz parte também da história real", afirma a socióloga Peregrina Capelo. (Vicente Gioielli)

Fonte: Jornal O POVO