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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O Natal é uma data que encanta por sua tradição, por belas decorações em todo o mundo e por ser considerada a data que trás luz ao coração de todos, transmitindo amor ao próximo, prosperidade e felicidade.
Esta data, para muitos, é celebrada religiosamente como o dia do nascimento de Jesus Cristo. Onde o menino Jesus nasceu em uma manjedoura em Belém. Entretanto, esta celebração é mais antiga e comum antes do dia 25 de Dezembro. O poeta Guaipuan Vieira descreve em seus versos esta data consagrada. Lemos: NATAL


Surge o dia do natal
Festa tradicional
Cheia da graça divina
Noite mais clara, mais viva,
Além de mais expressiva
Santamente natalina.

Essa noite que altiva
Quando a paz se mais cultiva
O mundo assim comemora;
Representa uma alegria
No coração de Maria
Nascendo uma nova aurora...


Sacrário de eterna fé
O cristão sabe quem é
A virgem Santa entre flores;
Mostra o velho carpinteiro
Um novo Deus verdadeiro
Entre ovelhas e pastores!


Acima brilha uma luz
Que a paz ela traduz
Que se engalana de afagos:
Luz vivida e salvadora
Sobre a simples manjedoura
A vista dos três reis magos.


Belchior, Baltazar, Gaspar,
Começaram a contemplar
Longe bem longe aos pagodes
Gravam o aviso divino:
As notícias do menino
Não devem ir para Herodes.



Lá do Céu vem o sinal
Numa estrela genial
Pra fugirem pro Egito:
Raquel desfia o seu pranto
Na ausência do casal santo
Que leva o filho bendito.


Natal-Ramo de Jessé,
Expressão de amor e fé
Cheio de hosana, profundo,
Imponente relicário
Numa cruz sobre o calvário
Para a salvação do mundo!





sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

100 ANOS DE NACIMENTO DE HERMES VIEIRA





Hermes Rodrigues Cardoso Vieira, é de Elesbão Veloso, hoje Valença. Nasceu a 23 de setembro de 1911 na Fazenda Caiçara. Fez apenas o primário, forte crise financeira não o deixou prosseguir com os estudos. Ainda pequeno foi morar em Palmeirais, de onde seguiu para Parnaíba e em seguida para Teresina, onde fixou residência. Poeta regionalista dos mais festajados, autor de vários poemas cantados por todo o Nordeste brasileiro, tem aquela verse contagiante de Catulo da Paixão Cearense e o lirismo fascinante e simples de Hermínio Castelo Branco. Lemos este clássico intitulado FOGO NA MATA, extraído do livro Poemas Nordeste,1986 - Edição da Academia Piauiense de Letras -APL




Obras: Nordeste (1986); Piauí Sertão (1988



FOGO NA MATA

























Um dia, um campônio malvado lançou à floresta
Com as aves em festa, uma chama maldita
Que, dentre as gramíneas sem seiva e vigor,
Dilata o calor, estremece e se agita.



O Sol declinava em demanda do ocaso,
A Lua, em atraso, à distância o seguia,
E, em toda a floresta sentida e plangente,
Um vento pugente, raivoso rugia.


Ouviam-se estrondos, fragores, ruídos,
Sibilos, zunidos, estalos de espata,
De lenhos sem vida, de vidas tombando
Ao fogo bailando no ventre da mata.


As caças adultas às tontas fugiam,
As tenras morriam detidas nas camas,
E as aves, aflitas, voavam dos ninhos,
Deixando os filhinhos expostos às chamas.



As nuvens de insetos, dispersas, sem rumo,
No bojo do fumo revolto, giravam;
Lagartos e ofídios, de ensombros ausentes,
Aos golpes ingentes do fogo, expiravam.



E o lume macabro, lançando torpedos
De lava aos balcedos que davam guarida
Aos filhos das selva, a mata deforma,
Desfeia e transforma-a em deserto sem vida.


Qual bravo guerreiro, coberto de glória,
Que canta a vitória da pátria adorada,
Saía o campônio do bosque inditoso,
Cantando, garboso, singela toada.


Mas nesse momento em que o Sol expirava
E um cheiro exaltava de estranho churrasco,
Ouviu-se uma voz ressonante e temível
De um gênio invisível chamando o carrasco:


“Campônio perverso, brutal,execrando,
Que estás entoando tão negro epinício,
Quem foi que te disse, cabeça insensata,
Que o fogo na mata te traz benefício?


Tu, ontem, tirano, daqui conduzias
Batatas macias e loiras espigas,
Os pomos fragrantes, arroz e feijão,
E o mel,- doce pão,- das abelhas amigas.


E agora, tu voltas,, ingrato campônio,
Trazendo um demônio com chispas nas assas,
E a mata feraz, generosa e benigna,
Com flama maligna, transformas em brasas ?


Tupã, da cabana de estrelas broslada
Na tela azulada, distante, sem fim,
Em face do crime por ti praticado,
Te manda, malvado, castigo por mim.






Por isso, em chegando ao teu rancho dileto,
Verás, em seu teto, com grande pavor,
Fantasmas horríveis, espectros horrendos,
Duendes tremendos gerando o Terror.


São vultos de agentes das leis invisíveis,
-Titãs invencíveis,- que há séculos comando;
Na choça a que vão e à qual vais retornar,
Irás expiar o teu crime nefando”.


Ouvindo a sentença do sacro juiz,
Ao peso infeliz de uma cruz abstrata,
Qual tardo quelônio que lento se arrasta,
Do Nume se afasta o verdugo da mata.


Em casa, a mulher do carrasco deixara.
Num berço de vara, o filhinho a sonhar
E fora ao regato lavar-lhe a roupinha,
Voltando num manto de chamas, ardia.


E enquanto o casebre trajava a mortalha
De fogo, retalha-se o peito ofegante
Da pobre matuta que aflita chorava
E, aos gritos, chamava o marido distante.


Mas, nesse comenos de extrema aflição,
Surgiu-lhe a avisão do filhinho que a Sorte
Ingrata lançara, do berço risonho,
Ao antro medonho e dantesco da Morte.



Em face daquele episódio esquisito,
-Cenário maldito de monstros em luta,
Aos lances da dor, a infeliz entontece,
Delira, ensandece... depois, resoluta.


Da Vida esquecendo-lhe o sacro dulçor,
Arrosta o furor do sinistro cruento :
Seus passos velozes à porta a conduzem...
Lá dentro reluzem brasidos ao vento.



No palco do fogo, em profana comédia,
Gingava a Tragédia em compasso lascivo;
Na borda do páteo, que ao drama assistia,
Exausto, surgia o campônio nocivo.


O bosque murmura, a campina emudece,
A tarde esmaece, a Natura suspira,
E a jovem campônia,- demente heroína,
À gula assassina das chamas se atira.


Contudo, a infeliz, num velado gemido,
Emite ao marido dorida mensagem...
Seu rudo consorte, com falso desdém,
Se envolve também nos lençóis da voragem.


E a Noite, arrastando da gruta das sombras
Escuras alfombras, recolhe as montanhas,
Os bosques e os prados, os vales e os montes,
Os lagos e as fontes às negras estranhas.



E enquanto, no topo de anosa aroeira,
Rezava a agoureira e assustosa acauã,
O Gênio, benzendo a floresta combusta,
Voltava à venusta mansão de Tupã.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Literatura de cordel



A literatura de cordel, nos dias atuais, é uma rica ferramenta pedagógica de incentivo à leitura e à oralidade dos séculos, levando-nos a ser leitor fluente e crítico no universo prosaico. Contudo, seu gancho de sobrevivência como cultura popular continua sendo sua forma simples, sem rebuscamento da linguagem. Guaipuan Vieira(*)





Matriz(xilo) de imburana(*)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011




Por motivos técnicos a programação da emissora

continua à noite, (18 às 23h)direcionado ao site

do CECORDEL: www.cecordel.com

Rádio Poran nas ondas da web

sexta-feira, 25 de março de 2011

Fagner,Luiz Gonzaga,Oswaldinho do Acordeon e Sivuca

É bom que se diga que a aceitação do acordeon como instrumento clássico para a elite musical no Brasil só se deu depois do avanço progressista do cantor e compositor LUIS GONZAGA, em composições que muito decantou os sertões aprazíveis do Nordeste brasileiro. Foi, sem dúvida, Luiz Gonzaga quem quebrou o preconceito social dessa gente. Luiz enalteceu o acordeon, valorizou essa cultura tão nossa, deu credibilidade a todos os sanfoneiros, soube devolver para a Europa não o instrumento, mas as composições que o fez imortal. Hoje SANFONAS e ACORDEONS vivem um só ritmo por todo o Brasil, com concentrações no Nordeste, mantendo viva esta tradição. Por outro lado é importante ressaltar que essa progressão para a grande massa foi possível pela força do Rádio, proveniente dos programas nesse gênero, o que ainda perdura essa preservação, que só contribui para que a nova geração conheça esse gênero musical raiz que inspirou outros gêneros musicais.

Guaipuan Vieira(*)- da equipe de locutores da Rádio Pitaguary –AM 1340 khz – Maracanaú-CE – (*)poeta, radialista forrozeiro e historiador
Reflexões do dia a dia
(Prefácio)

O sentimento do poeta quando sobrepõe ao emocional, surgem-lhe deste conflito ricas manifestações poéticas que, quando coadunadas à simplicidade do versejar, somam-se ao perfeito, conquistando com isto a aprovação do público leitor. Assim faz Maria Luciene que, através de “Reflexões do dia a dia”, um canto de esperança ao seu mundo sobrenatural, porque o brilho de sua espiritualidade traduz, aqui para nós, a manifestação de uma poesia descritiva, onde a dor se converte em prece, as lágrimas em sentimentos e o infortúnio em inspirações. Dessas, eis o despertar destes versos.
“Andei e descobri
corações de pedra,
passos sem rastros
e liberdade presas.
Descobri jardins de espinhos,
raios de lágrimas
e solidão.”

A imaginação se projeta ao indivisível. Circulam em torno de si personagens que lhe dão a forma de fazer versos livres, porque o poeta é um compromissado com a arte e com a vida. Estimulada por este mundo, busca, na aurora do tempo, a avassaladora poesia:

...“Há um segredo que não se mostra na face.
Mas quem o guarda conhece-lhe a dor.
A mente liga-se ao coração na amargura.”

Luciene é uma poetisa de verve nordestina, em passagem pela Literatura de Cordel, conquistou seu espaço literário. Não seria extraordinário a ênfase a esta obra, se não revelássemos a herança que tem. Porque ainda que a vida seja finita, o encadeamento de ações, gestos e conquistas tornam eterno, assim, o ato de existir sem fugir às raízes.

“Em minha infância feliz
Escrevi até meus rastros.
Fazia tantos livrinhos,
De folhas de matapasto.”
(...)
“Assim levando a vida
Cheios de golpes e romances
Nasceu uma poetisa
E um livro ao seu alcance.”

Resta-nos esclarecer que és poluidora de um mundo cheio de emotividade que a faz porta-voz de si mesma, porque em quase tudo que descreve, vê-se a sua acentuada poesia. Está de parabéns pela espontaneidade na construção dos versos o que a tornam pura como o vento que sopra a jangada no alto mar, fazendo feliz a tripulação, porque tem n’alma a perseverança no amanhã.
Guaipuan Vieira
Poeta,radialista e historiador